RESÍDUOS OU RECURSOS? INVENTÁRIO DE BIOMASSAS VITIVINÍCOLAS EM GALIZA (ESPANHA).
Quais são os principais resíduos das atividades vitivinícolas?
As tarefas agrícolas e de produção do vinho dão origem a diferentes resíduos ou subprodutos que não sempre são reciclados ou valorizados. Os principais resíduos são:
Sarmentos: Restos lenhosos obtidos na poda da videira. Calcula-se que são geradas 1,70 t/ha de sarmento em vinhedos com condução de tipo copo e 3,05 t/ha de sarmento em vinhedos com condução em espaldeira
Bagaços: São os restos sólidos do prensado da uva. Constituem 20% do peso da uva processada na vinificação. O bagaço fresco contem aproximadamente 50% de peles e 25% de sementes
Engaços: São a parte lenhosa do cacho de uvas e obtêm-se nas tarefas de desengaçado (separação das uvas do cacho). Representam 4% do peso da uva processada.
Borras de vinificação: São um resíduo líquido e viscoso formado por água e pelos materiais decantados durante a fermentação do vinho. Têm uma quantidade importante de leveduras esgotadas. Equivalem a 1,5% do peso da uva processada
Inventário de resíduos vitivinícolas
A estimativa de subprodutos vitivinícolas (sarmentos, bagaço, engaço e borras) gerados em Galiza (Espanha) durante a campanha 2018, realizou-se utilizando os dados disponibilizados pelo Sistema de Información Vitivinícola INFOVI (MAPA, Espanha), relativos à superfície de vinhedo inscrita, o tipo de uva e o tipo de condução empregado no vinhedo.
Análise geográfica
Em Galiza, encontravam-se inscritas 24.627 hectares de vinhedo durante o período 2018. A Tabela 1 mostra as estimativas dos resíduos vitivinícolas produzidos em cada província, a partir das uvas produzidas.
Tabela 1. Estimativa da produção de resíduos vitivinícolas nas províncias de Galiza na campanha 2018, a partir dos dados de produção de uvas.
Província | Produção de uva (t) | Sarmentos (t) | Bagaço (t) | Engaços (t) | Borras (t) |
A Coruña | 7.502 | 4.068 | 900 | 300 | 0,20 |
Lugo | 7.276 | 3.264 | 873 | 291 | 0,21 |
Ourense | 30.752 | 13.991 | 3.690 | 1.230 | 0,85 |
Pontevedra | 91.644 | 20.543 | 10.997 | 3.666 | 1,79 |
Total | 137.174 | 41.866 | 16.461 | 5.487 | 3,05 |
Em Galiza há cinco denominações de origem vinícolas: Monterrei, Rías Baixas, Ribeiro, Ribeira Sacra e Valdeorras. Desenvolveram-se mapas para determinar, a nível de comarca, as principais zonas de Galiza onde se concentrava a atividade vitivinícola e, portanto, a produção de resíduos deste sector.
Sarmentos
Estima-se que a produção global de sarmento seja cerca de 41.866 toneladas. As cinco comarcas com maior produção de sarmentos – O Salnés, Vigo, O Baixo Miño (DO Rías Baixas), Valdeorras (DO Valdeorras) e Verín (DO Monterrei) – aglutinam o 45% da produção regional, com 18.890 toneladas, como ilustra a Figura 1.
Bagaço (peles e sementes)
Estima-se uma produção de 16.461 toneladas de bagaço em Galiza, a partir da qual se poderiam recuperar 10.975 toneladas de peles e 5.486 toneladas de sementes de uva. As denominações de origem DO Rías Baixas (com 7.380 toneladas de bagaço) e DO Valdeorras (com 1.056 toneladas de bagaço), concentram 51% da produção regional (Figura 2).
Engaço
O engaço é o terceiro subproduto em volume gerado pela indústria vinícola em Galiza, embora quase não seja valorizado. Tal como o bagaço, as denominações de origem DO Rías Baixas e DO Valdeorras concentram 51% do engaço gerado nas indústrias vitivinícolas associadas a vinhos de qualidade (Figura 3).
Borras de vinificação
Da mesma forma que acontece para os anteriores subprodutos vinícolas, a quantidade gerada de borras está diretamente relacionada com a quantidade de uva produzida. Portanto, destacam-se novamente as comarcas de O Salnés, Vigo, O Baixo Miño (DO Rías Baixas), Valdeorras (DO Valdeorras) e Verín (DO Monterrei), como se pode observar na Figura 4. As províncias de Pontevedra e Ourense concentram 87% da quantidade total de borras produzida na região.
Embora as borras sejam o subproduto vitivinícola cuja produção se estima ser em menor quantidade, a sua composição química complexa (com sais inorgânicos, ácidos orgânicos, compostos fenólicos, celulose, hemicelulose, lenhina e células de microrganismos) faz delas uma fonte muito interessante de biocompostos
Conclusões
Os subprodutos vitivinícolas são uma fonte importante de recursos (celulose, hemicelulose, lenhina, azoto, compostos fenólicos, etc.), que se pode revelar muito interessante para as indústrias química, alimentar e farmacêutica. A elevada quantidade de subprodutos gerada, bem como a sua localização maioritária em determinadas áreas geográficas, permite pensar na implantação de futuras biorrefinarias baseadas na transformação destes materiais.
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Inventário de Galiza realizado pelo CETIM.
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