O PROJETO BIOVINO CONSEGUIU PRODUZIR ERITRITOL A PARTIR DE EXCEDENTES VITIVINÍCOLAS
O que é o eritritol?
O eritritol é um poliol com quatro átomos de carbono que está presente na natureza e pode ser encontrado em algas, fungos, frutas e alimentos fermentados.
Atualmente, a produção industrial de eritritol baseia-se na conversão de diferentes fontes de carbono (glucose, sacarose, frutose e glicerol) por ação de microrganismos, nomeadamente fungos dos géneros Moniliella, Pseudozyma, Candida ou Yarrowia.
Para que serve o eritritol?
O eritritol é utilizado como edulcorante na indústria alimentar, graças ao seu baixo índice insulínico (apto para diabéticos) e às suas rápidas taxas de absorção e excreção pelo organismo humano (baixo valor calórico, 0.2 cal/g). Além disso, é também utilizado como matéria-prima na indústria química.
O problema dos excedentes de vinho
Segundo a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), em 2018 a produção mundial de vinho atingiu 292,3 milhões de hectolitros, com Espanha e Portugal a ocuparem os 3º e 13º lugares no ranking de produtores, respectivamente. Na campanha de 2019, Espanha dedicou 938391 hectares de área ao vinhedo, produzindo no total cerca de 3400 milhões de litros de vinho, enquanto que a quantidade gerada de sumo de uva e mosto foi de cerca de 604 milhões de litros (Ministério Espanhol de Agricultura, Pesca e Alimentação). A União Europeia tentou evitar os excedentes de vinho através de regulamentações legais (Regulamento (CE) n° 1493/1999 do Conselho; Regulamento (CE) n° 479/2008 do Conselho), uma vez que provocam graves desequilíbrios comerciais. Este excedente é normalmente controlado através da sua destilação e armazenagem para utilização como vinho de mesa ou sumo de uva. Recentemente, o governo de Espanha aprovou ajudas financeiras para a destilação de vinho, a armazenagem privada e a colheita em verde, a fim de aliviar os efeitos económicos da pandemia de covid-19 no setor vinícola (Real Decreto 557/2020).
O uso de mosto para a biossíntese de eritritol pode representar uma oportunidade de negócio nestas circunstâncias.
Produção de eritritol a partir de mosto de uva
Quando se utilizam açúcares como substratos para a produção de eritritol, geralmente recorre-se a matérias-primas caras com altos conteúdos de glucose ou amido. No entanto, o uso de resíduos ou subprodutos açucarados das indústrias alimentares pode reduzir de forma significativa os custos do processo. O mosto de baixa qualidade e o mosto excedente podem ser matérias-primas interessantes para a biossíntese de eritritol, uma vez que a concentração de açúcares no mosto é aproximadamente de 180-220 g/L, com proporções de glucose:frutose perto de 1:1.
No projeto Biovino avaliou-se a viabilidade de produzir eritritol à escala laboratorial a partir de dois tipos de mosto: mosto tinto (variedade Garnacha) e mosto clarete (variedade Prieto Picudo). A produção de eritritol utilizando o fungo Moniliella pollinis permitiu atingir concentrações máximas de 96 g/L com o mosto tinto e de 93 g/L com o mosto clarete, com um consumo quase total da glucose e a frutose em 6 dias.
Conclusões
As concentrações de eritritol obtidas a partir dos mostos no projeto Biovino são similares aos valores reportados na bibliografia para fermentações de glucose pura, e são ainda superiores aos valores atingidos com outros subprodutos agroalimentares. Desta forma, o mosto excedente pode ser considerado uma matéria-prima alternativa para a obtenção de eritritol, o que permitiria às cooperativas vitivinícolas e às bodegas ampliar o seu nicho de mercado. No entanto, a implantação de sistemas de biorrefinaria à escala industrial para a produção de eritritol a partir de mosto requer ainda a otimização e melhoramento das condições do processo.
Mais informação
Link para o artigo na revista: https://doi.org/10.1016/j.fbp.2021.02.001.
Link para o repositório de acesso aberto (prepublicação): https://doi.org/10.5281/zenodo.4423233.
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